quarta-feira, 22 de julho de 2015

Na hora de me cuidar.

 Pela terceira vez esse ano caí de cama. Fiquei adoentada, três vezes em menos de seis meses... Isso nunca tinha acontecido comigo. Meu corpo está pedindo arrego, não estou aguentando mais a pressão.
 Sinal de stop, de para tudo mulher que estás se matando. Essa semana que passou chegaram mais alguns móveis, estão vindo aos poucos e finalmente vindo. Foi aquela correria, acorda cedo, faz café, lanche, almoço, café da tarde, janta, louça em todos os momentos, cuidar das crianças, limpar a sujeira da obra, guardar o que é possível, um vinho a noite para relaxar, um frio do caramba, stress que falta dinheiro, revolta porque marido não me entende, não vê meu cansaço, crianças não respeitam, relembrando o quanto meu pai é um idiota, cansaço pois faço tudo sozinha, compras, comida, limpa louça e atura desaforo porque tem explicar para o marido que eu até planto sálvia, hortelã e manjericão, mas arroz, feijão, milho, leite, pão, farinha de arroz, açúcar, ainda não... precisa de dinheiro para ir ao mercado e que apesar de que temos que pagar apartamento e mobiliário, ainda temos que comer e se não nos alimentarmos não vai adiantar nada ter apartamento chique porque estaremos mortos. Não vai ser o mercado básico que vai mudar nossa vida. Sério mães, estou de saco cheio de ter que fazer esse discurso desde que tive filhos. Estou cheia de explicar a mesma coisa todo mês. Além de comprar, carregar as sacolas nos ombros com os filhos nos braços, ter que cozinhar, limpar a louça da comida, inventar, ser criativa, ainda tenho que explicar que para comer tem que comprar comida. Não aguento mais!!!! Não aguento mais. Já tentei desistir de falar, mas sabem o que acontece? Ele me deixa sem um real e me aparece com pão e mortadela e manda eu comer. Não como nem pão e nem mortadela. Não por nada, adoro mortadela, mas tenho alergia ao trigo. E não dá para comer tapioca todos os dias, enjoa.
 Bom, estou tão de saco cheio de tudo, estou tão cansada, estou tão deprimida que adivinhem? Tchan tchan tchan, fiquei doente. Chega. Não mereço isso.
 Desisti disso meninas. Cansei. Depois dessa eu vi, não sou super mulher, super heroína. Essa mulher que nos pintaram, nos impuseram, ela não existe. Não posso fazer tudo sozinha.
 Estou pagando minha grande língua como sempre. Essa mãe perfeita que eu era antes de ser mãe não existe. Não tenho como cuidar dos filhos, fazer comida, cuidar da casa, do marido, de eu mesma, estar sempre linda e maquiada com a saúde em dia sozinha sem enlouquecer.
 Teve dias da última semana que pensei que estava louca, sou mais forte que isso, mas a cabeça prega peças em nós. A minha está a milhão. Com vontade de fugir, de largar tudo, mas com a consciência da minha responsabilidade. Fugir não é uma opção, aí me vem os espíritos de porco e só sabem dar um conselho: bota na creche! Que mané bota na creche!!!!!! Me explica como eu faria essa mudança se meus filhos já estivessem na creche que supostamente seria para me ajudar???? Eu teria que sair correndo como saí durante dois meses, troco a roupa, saio do apartamento pequeno, venho para para o novo receber os pedreiros, encanadores, marceneiros, pintores, etc.... com as crianças a tiracolo e malas de rodinhas pois não tenho carro, tomava café aqui com as crias, pois não tinha um real para tomar café na padaria, arrumo as crias e levo para a creche para voltar aqui e arrumar o que precisa e depois vou buscá-las na chuva do que? Guarda chuva? Não tenho carro!!! Que mané creche. Mas estou me contradizendo, pois estou querendo dizer que não podemos julgar outras mães e falando assim eu estou julgando outras mães.
 Penso que se fosse para gastar dinheiro com alguma coisa seria com uma ajudante e um carro. Disso eu preciso, uma ajudante para os afazeres domésticos, assim eu poderia dar atenção aos meus filhos sem sentir cula orque a casa está uma bagunça, a pia está cheia de louça do café e eu tenho que fazer o almoço. De um carro para poder almoçar em paz com eles e sair para passear sem pegar busão lotado e com gente que desrespeita completamente uma mãe com filho e mochila.
 Sei que não posso mais com tudo sozinha. Creche serve para quem já tem as outras coisas, eu não tenho. Não posso mais! A partir do próximo mês vou chamar alguém para me ajudar pelo menos uma vez por semana. Carro será somente a partir do próximo ano, até lá tenho que continuar com o rabo sossegado em casa e relaxar.
 Preciso aceitar, preciso relaxar e saber que não, não posso ir ao dentista, não posso ir onde quero, queria fazer um milhão de passeios com as crianças, já faço vários, mas agora nessa fase não estou conseguindo e tenho que me sentir tranquila com isso. Me cobro demais, não gosto de ficar trancada em casa, isso está me angustiando, mas me cobro demais, acabei de mudar, esperei 2 anos por isso, porque não consigo aceitar que é um momento de ficar em casa e me sentir tranquila com isso. Estou irriquieta, meu espírito é assim, não me conformo com o que não está bom, quero fazer alguma coisa para mudar, não espero acontecer, mas se tem algo que toda essa espera tem me ensinado é que tem momentos que só resta esperar ou enlouquecer tentando mudar algo que não está ao meu alcance.
 Quando eu decidi engravidar eu não tinha carro, tinha uma faxineira  e não tinha condições de ter uma babá e achei que daria conta de tudo sozinha, Eu quis fazer tudo sozinha, eu achei que conseguiria. Pois bem, 3 anos depois a conclusão é que não, não consigo. Toda mulher e mãe precisa de ajuda, não tem como fazer tudo sozinha e ser perfeita!
 Eu era contra babás, não me conformava com terceirização, mas digo hoje em dia que uma babá de vez em quando não ia mal. Não sou a favor das mães que nunca ficam com os filhos e levam babá até ao shopping. Só que de vez em quando olha, eu bem que queria ter dormido uma única noite nesses 3 anos. Não aguento mais acordar todas as noites. Digo que queria ter dormido até tarde junto com meu marido, nunca mais acordamos juntos. Ele chegou a brigar comigo por isso, como se a culpa fosse minha. Temos crianças, enquanto um acorda o outro descansa, pois os dois levantando alguém fica doente, assim como eu fiquei pela terceira vez esse ano. E eu preciso cair de cama para ele ver que eu realmente preciso de um tempo às vezes. e para eu mesma ver...
 Sinto falta de nós dois, como éramos, do namoro. Sim mamães, finalmente eu percebo que não é egoísmo sentir falta de namorar meu marido. Eu achava inadmissível isso, sou mãe, a mulher tem que dar um tempo, mas eu sou mulher e sou apaixonada pelo meu marido e sinto falta da nossa intimidade, esse negócio de só namorar na hora de deitar e em silêncio é muito chato e sem graça.
 Estou sendo alertada e está na hora de prestar atenção. Julguei tanto, até mesmo minha própria mãe, preguiçosa, cansada, mal humorada, infeliz, amargurada, e é assim que eu ando. Não quero ser isso, não quero isso para mim. Pé no freio. Não dou conta de tudo.
 A partir dessa semana mudei, não me estresso mais, não odeio mais minha vida, só agradecer. O tempo está passando, os dias correndo e eu só esperando o dia que será melhor. Não será nunca mais, filho é uma tatuagem na testa, impossível se desvincular, é para sempre e meus dias serão sempre assim até eles crescerem.
 Só vou me cobrar menos, me culpar menos, não posso querer ser perfeita, não posso querer fazer o almoço, a janta, o cafezinho, com a casa limpinha e cheirosa e eu e meus filhos impecáveis, isso não existe nem em conto de fadas!!!! A Cinderela fazia tudo e se vestia com trapos.
 Vou me cobrar menos e me preocupar menos com o que dizem ou acham, incluindo meu marido. Faço o que posso e na hora que dá, acabou. Não vou para num sanatório, pois é isso que vai acontecer se eu continuar estressada o dia todo tentando fazer as coisas cuidando de filhos e a noite me culpando tomando vinho. Fora outros problemas que posso arrumar para mim, como o alcoolismo. Só o vinho anda me reconfortando e isso está errado.
 Minhas unhas estão um lixo à séculos, já faz 3 anos que não vou à manicure, estava fazendo em casa, mas já faz seis meses que não faço direito. Vou começar a arrumar um tempo e ir, não consigo fazer em casa sozinha sempre. Impossível! Lógico que o fato de morar em dois apartamentos durante dois meses, arrumação daqui e etc.. também contribuiu, pode ser que agora que meu quarto de vestir está está quase pronto eu consiga voltar a me cuidar melhor.
 E estou me cobrando menos, chega de cobrança, chega de culpa. Não sou perfeita, pensei que seria, mas não sou, preciso perdoar minha mãe, apesar dos absurdos que ela cometeu, muita coisa entendo agora...
 Sei que no final das contas só importa eu eles, minha família, a que formei por vontade própria, meu marido e meus filhos. Eu preciso estar bem. Não quero mais me sentir perto da morte. Pensei que ia morrer, essa sensação que tive no domingo, depois de uma semana sem dormir, tanto que segunda acordei doente.
 Estou mórbida, eu sei, mas é assim que andava me sentindo. Vou me cobrar menos, dane-se o que acham e falam. Não posso com tudo, o tempo vai passar e eu não vou mais chorar! Chega de chorar todos os dias por não me conformar com minha vida. Minha vida é essa, mas agora já comprei meu apartamento, meus filhos estão um pouco maiores, meu marido pode ficar com eles para eu ir no dentista no sábado, fazer uma unha, cuidar de mim ou eu simplesmente dormir. Está na hora de cuidar de mim, pois se eu não me cuidar, ninguém fará isso por mim.


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